Para a maioria das mulheres o pós-parto é o momento mais complicado de todo o processo da maternidade, pois, além das transformações físicas, há também oscilações emocionais e, tudo isso precisando ser equilibrado com as demandas do bebê recém-nascido.
Mesmo quando esperadas e conhecidas, essas mudanças podem gerar um estranhamento. Como, por exemplo:
- Desconforto nas mamas, que ficam mais enrijecidas devido à concentração de leite e podem ficar doloridas e até mesmo com machucados nas aréolas devido ao movimento de sucção do bebê;
- Inchaço abdominal, tanto em decorrência ao tamanho uterino que ainda não voltou ao normal, quanto por ocorrências como a flacidez e diástase, que consiste no afastamento dos músculos da parede abdominal;
- Cólicas, especialmente nos primeiros 20 a 30 dias do puerpério devido ao processo de involução do útero que causa contrações;
- Desconforto na região íntima, o que é mais comum em mulheres que tiveram parto normal.
Fatores emocionais
Explosões de sentimentos são comuns: euforia pelo nascimento, preocupações com os cuidados com o bebê, o aleitamento, a nova rotina etc.
Uma das explicações para essas emoções é que no puerpério ocorrem mudanças hormonais significativas, com destaque à redução dos níveis de estrogênio e da progesterona. Isso pode levar a sintomas emocionais intensos, como:
- depressão pós-parto, condição que demanda assistência multidisciplinar à paciente, incluindo obstetra, psicólogo e psiquiatra;
- baby blues, condição caracterizada por um sentimento de tristeza e desmotivação quando a mãe se depara com algumas dificuldades no primeiro mês de vida do bebê.
É importante estar ciente dessas mudanças e procurar apoio emocional, se necessário.
Amamentação e ciclo menstrual
A retomada da ovulação, seguida da primeira menstruação pós-parto, marca o fim do puerpério, mas esse período pode variar de acordo com a amamentação.
Quando a mulher não amamenta, o ciclo menstrual costuma se restabelecer dentro de um a dois meses. Durante essa fase, está ocorrendo o processo de involução uterina para que o útero volte ao tamanho normal.
Durante a gestação, ele chega a 32 centímetros e pode pesar até 1,5kg. Durante o puerpério, estima-se que o útero contraia progressivamente até que atinja 7 centímetros e 60 gramas (tamanho tido como normal na literatura médica).
Para as mulheres que amamentam, é comum que organismo demore mais tempo para restabelecer o ciclo menstrual, o que pode demorar até 6 meses em caso de aleitamento exclusivo.
Durante a amamentação, a sucção do bebê contribui na liberação de ocitocina, hormônio que colabora na retomada da forma anterior à gestação, contribuindo na perda de peso ganho durante a gravidez.
É fundamental que as mulheres sejam orientadas quanto à amamentação, pois nem sempre ela é viável ou suficiente, e às vezes é necessária a complementação por fórmulas, sempre prescritas sob orientação do pediatra. Vale ressaltar que, quando possível, manter o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses do bebê.
Dicas importantes no pós-parto
Cuidados com o bebê
Aprender a cuidar de um recém-nascido pode ser uma curva de aprendizado. É importante se preparar para isso lendo livros, participando de aulas de preparação para o parto e buscando conselhos de profissionais de saúde.
Autocuidado
As novas mães muitas vezes se concentram tanto no cuidado do bebê que podem negligenciar seu próprio bem-estar. É importante reservar um tempo para descansar, se alimentar adequadamente e pedir ajuda quando necessário.
Sinais de complicações
É importante estar ciente dos sinais de complicações pós-parto, como febre, dor intensa, sangramento excessivo ou alterações no humor, e procurar assistência médica imediatamente se ocorrerem.
Contracepção
Embora a fertilidade possa ser reduzida no período pós-parto, é possível engravidar novamente antes da primeira menstruação após o parto. Discutir opções de contracepção com um médico é importante para evitar uma gravidez não planejada.
Tempo de recuperação
Cada mulher se recupera em seu próprio ritmo após o parto. Não há um prazo definido para a recuperação completa, então é importante ser paciente consigo mesma e dar tempo ao corpo para se recuperar adequadamente.
Estas são apenas algumas das coisas importantes que as gestantes devem saber sobre o pós-parto. O mais importante é estar bem informada, buscar apoio quando necessário e cuidar tanto de si mesma quanto do novo bebê.
Se você tem dúvidas ou gostaria de saber um pouco mais sobre cada ponto que citei aqui, converse com sua obstetra. Vários hospitais também tem programas de encontro com gestantes ou palestras que podem ajudar com esse processo de aprendizagem e preparação para a maternidade. Busque orientação e se informe.
Dra. Rafaela Mezzomo
Ginecologista | Obstetra
CRM 41 168 | RQE 37 207 RS
(O conteúdo e as informações deste post têm caráter informativo e educacional. Não devem ser utilizados para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)